terça-feira, 30 de maio de 2017

DIÁRIO DE BORDO - DIA 07, 08 E 09 - 25, 26 E 27.05.2017

Nosso dia mais longo.
Diário de bordo
Dia 07, 08 e 09 - 25.05.2017 - Ingeniero Juaréz - Argentina 

Agora, sem a companhia do nosso amigo Natal, eu, Alex, Toninho e Ivan, nos deparamos com uma manhã nublada, sem chuva, mas o estresse para retiramos as motos da garagem do Hotel Indiano, em Ingeniero Juaréz, sair da cidade até alcançarmos a Ruta 81, foi pura adrenalina.

Nossa meta era seguirmos até Purmamarca-AR para pernoite, mas as condições da estrada só iam piorando, cansamos de ver por todos os locais que passamos, porcos selvagens, cabritos, ovelhas, gaviões, etc. invadindo o asfalto e, por muitas vezes, nos obrigando a quase parar.
Eu ia capitaneando e, de repente, nos deparamos com um trecho de cerca de 10 metros sem asfalto e coberto por um mix de lama, cascalho e um tipo de argila que grudava em tudo. Perdi controle da Goldwing e cai, o Alex, que vinha logo atrás com a BMW, idem.

Seguindo em frente, de repente, deparamos com um trecho da Ruta 81 interrompido e um desvio lateral com cerca de 2 km, informado por um funcionário da obra.

O Toninho, que tinha passado incólume pelo trecho onde caímos, resolveu encarar e caiu, insisti para não continuar e disse ao Ivan que iriamos retornar. Ainda conseguimos ver o Toninho cair mais uma vez e o Ivan ajudando ele a levantar a moto.

Manobramos nossas motos com todo o cuidado, avisamos aos dois que voltaríamos. Como já havíamos rodado cerca de 250 km e não vimos nenhum posto de gasolina, tivemos que nos arrastar de tão baixa velocidade para retornamos ao posto em Ingeniero Juaréz, percorrendo 450 Km sem abastecer. Pensei que a minha ulcera fosse perfurar.

Decidimos procurar vaga no Hotel Parador, que ficava na Rodovia, assim não teríamos que viver novamente o inferno de retornar ao Hotel Indiano.

Estávamos retirando parte do barro que grudou nas motos e em nossas roupas com uma mangueira de agua emprestada pelo hotel, de repente, para uma viatura da policia e saem 3 policiais armados em nossa direção, ai karai, o que vai ser? “Podemos sacar unas fotos das motos”, kkk relax.

A noite discutimos sobre o que fazer e decidimos por ir para Mendoza pegando um trecho da Ruta 95 e com o primeiro pernoite em Villa Angela.

Na manhã seguinte, com bastante chuva, partimos...

Andamos uns 170 km pela Ruta 81, admirando a precariedade da estrada que já havíamos passado, vimos num posto com uma cara boa, abastecemos e fizemos um bom lanche, pagando tudo com o cartão de credito, coisa civilizada. Foi um momento de alegria, confesso.

Seguindo na Ruta 95, no sentido oposto do que viemos de Asunción. As dificuldades foram aumentado e depois de 20 km, avistei uma mancha no asfalto que não tinha barro, mas umas irregularidades: “não colocaram aquela maldita terra para tapar os buracos então vai da pra passar”, e num espaço de 30 cm achei que era seguro e resolvi arriscar, diminuindo bastante a velocidade e, segundo o Alex, a roda traseira escorregou na terra molhada e misturada com pedriscos de asfalto triturado a BMW rodopiou para a esquerda, minha perna ficou debaixo da moto e o meu corpo girou sobre este ponto que estava fixo e provocou uma fratura.

Avisei pelo comunicador ao Alex do ocorrido logo em seguida parou um carro e uma moto de moradores locais que, seguindo minhas orientações, providenciaram a imobilização da perna, o que foi feita com um cabo de vassoura quebrado, uma corda e muita habilidade do Edgardo que, gentilmente me levou até um Centro de Saúde em Comandante Fontana onde me prestaram os primeiros socorros, tiraram um Raio X que revelou ser um caso cirúrgico, bora pra São Paulo.

O Alex tomou as providências da guarda das motos e retirada dos nossos pertences pessoais, enquanto eu contatava a Adriana (esposa) e o Igor (Corretor) a nos ajudar com as passagens e logística para retorno ao Brasil.

Seguindo o protocolo medico, fui transferido para o Hospital Central de Formosa de ambulância para avaliação e emissão de autorização para embarcar em voo comercial ao Brasil.

Contratamos um carro “minúsculo” e já com uma passageira (Mãe do motorista) para seguir até Assunção - Paraguai e nós, com um monte de bagagem.

Por cerca de 250 km conhecemos toda a discografia de Romeo Santos...

Na fronteira Argentina/Paraguai, o Alex os carimbou na Aduana Argentina, nenhuma informação sobre a Aduana Paraguaia, de novo...
No embarque do aeroporto de Assunção, ao passarmos pelo controle de passaporte, não tínhamos o carimbo de entrada e a solução, pagar a multa. Ufa... bora entrar logo nesse avião.

Depois de uma placa e 10 parafusos, num quarto do Einstein, resolvi escrever com a ajuda do Alex, essa resenha.

Que sirva de aprendizado a todos nós motociclistas.
Lições aprendidas:

- A comunicação permanente entre os motociclistas durante a viagem é mandatória, preferencialmente por via Bluetooth, pois não há nenhum “delay”.

- As estradas secundarias na América Latina são muito precárias, não são para motos Touring.

- Montem um plano de evacuação rápida em caso de acidente, acreditem, a medicina nesses pequenos povoados é extremamente limitada, no mínimo.

- Para não passar apuros, ande sempre com alguma moeda local, mesmo se depois tiver que perde-la.

- Se as condições das estradas e climáticas não forem favoráveis, não insista, volte, nada vai melhorar.

- Nunca trafegue a noite em lugares que não conheça.

- Roupas com proteção adequada são fundamentais, estou sem nenhuma escoriação.

















Abraços a todos,
Marco Fraga e Alex Fraga

Time Alaska                       

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